20/10/2011
Um típico trapaceiro, rabugento, antipático, malandro ao extremo, que não hesitava em dar em cima da mulher do próximo, que adorava dar pontapés e aplicar truques diversos nos mais distraídos. Assim era Carlitos, o célebre personagem criado por Charles Chaplin que superou seu próprio criador e adquiriu vida própria. Tão própria que foi até capaz de evoluir, mudar de personalidade e se tornar o solitário, melancólico e comovente vagabundo que comoveu o mundo com suas histórias nem sempre felizes, mas sempre hilárias.
"Poucos sabem que Carlitos nasceu em 1914, ainda na Keystone, o primeiro estúdio norte-americano em que Chaplin trabalhou. Foi só com o passar do tempo que ele deixou de ser antipático para se consolidar, finalmente, em "Luzes da Cidade" (1931) como o simpático vagabundo", contou o francês Sam Stourdzé, curador da exposição "Chaplin e sua Imagem", que entra em cartaz nesta quarta-feira (19) no Instituto Tomie Ohtake e traz facetas até então pouco conhecidas do grande público de um dos maiores gênios da história do cinema.
Ao reunir raro material diretamente do acervo da família, esta exposição de Charles Chaplin conduz o espectador ao fascinante universo criativo do ator, cineasta - e bailarino -, como comentou Nijinsky sobre Carlitos. Por meio de filmes, projeções, fotografias, cartazes, manuscritos, o curador coloca uma lente sobre a vida e a produção deste criador de imagens que iluminaram a cena da sociedade moderna e se mantêm atemporais ao denunciarem questões latentes na humanidade.