8/12/2009
Para ajudar pais a sanarem suas dúvidas e de seus filhos sobre a Gripe A (Influenza H1N1), os pais da aluna do G3B Ana Júlia Aguiare Lopes ,Vanessa Ap. Aguiare Lopes e Alexandre Ordones Lopes - médicos com especialidade em pediatria/neonatologia – aconselham a leitura do seguinte texto, que contém informações importantes:
Gripe A: Principais dúvidas
O alarmismo em torno de uma eventual epidemia de Gripe A pode gerar muitas dúvidas e ansiedade nas crianças e nos pais.
E a melhor maneira de lidar com o assunto é responder às perguntas das crianças de forma simples e dar o exemplo das regras de higiene necessárias para dificultar o contágio, tais como lavar as mãos freqüentemente e tomar o cuidado de não levar as mãos aos olhos e boca.
Vale lembrar que essas são regras para diminuir o contágio de qualquer tipo de gripe e não só da gripe A. Dormir bem e reforçar os cuidados na alimentação também pode fazer a diferença.
Mas afinal, o que é essa tal de gripe A?
A influenza humana manifesta-se por meio de surtos, epidemias e pandemias periódicas, acometendo de forma diferenciada distintos grupos populacionais.
Resumidamente, trata-se de uma infecção causada pelo vírus Influenza H1N1, que ataca principalmente vias aéreas, com predominância entre adultos jovens (20 a 49 anos) O contágio se dá por pessoa a pessoa através de gotículas eliminadas pela tosse e espirro ou através do contato dos olhos, nariz e boca com mãos que estiveram em contato com objetos e superfícies contaminados com gotículas de uma pessoa infectada pelo vírus.
Atenção:
- O vírus Influenza H1N1 permanece ativo em superfícies por 2 a 8 horas.
- Cuidado com as maçanetas das portas, teclados de computador, mouses, etc.
- O vírus não é transmitido através da água para consumo humano, como em piscinas ou parques aquáticos.
- O vírus não é transmitido através de alimentos, como carne de porco, ou leite.
Algumas considerações importantes:
Gripe e resfriado são coisas diferentes. Apesar de ambos serem causados por vírus e acometerem as vias aéreas, eles NÃO são causados pelo mesmo tipo de vírus e também diferem na intensidade de seus sintomas. Enquanto no resfriado há um mal estar leve, onde a pessoa consegue manter seus afazeres diários, a gripe (ou síndrome gripal) é geralmente mais avassaladora, com um mal estar intenso, incapacitante, seja ela causada pelos vírus H1N1 ou não.
Gripes são causadas pelo vírus Influenza e temos todos os anos alguns tipos desses vírus se propagando entre nós. Esse vírus causa infecção das vias respiratórias e pode representar grave perigo para a saúde, não pela gripe em si, mas pelas complicações que dele advêm, como sinusite e pneumonia.
Todos os anos, nos meses de inverno, o número de infecções causadas pelos vírus da gripe aumenta drasticamente. O fator que mais favorece a disseminação desse tipo de vírus não é o frio, mas a baixa umidade do ar peculiar do inverno.
Este ano, temos o aparecimento do vírus Influenza H1N1 ou a famosa Gripe A. Trata-se de um novo subtipo do vírus Influenza que contém genes das variantes humana, aviária e suína do vírus da gripe, apresentando uma combinação nunca antes observada em todo o mundo.
Quais são os sintomas?
Os sintomas de infecção pelo novo vírus da Gripe A (H1N1) nos seres humanos são normalmente semelhantes aos provocados pela gripe sazonal ou gripe comum:
- Febre (Para caracterizar o quadro gripal em crianças é OBRIGATÓRIA a presença de febre)
- Sintomas respiratórios (tosse, nariz entupido)
- Dor de garganta
- Possibilidade de ocorrência de outros sintomas, como: dores corporais ou musculares, dor de cabeça, arrepios, fadiga, vômitos ou diarréia [embora não sendo típicos na gripe sazonal, têm sido verificados em alguns dos casos recentes de infecção pelo novo vírus da Gripe A (H1N1)]
Fatores de risco para complicações por influenza:
- Idade (inferior a 2 ou superior a 60 anos de idade)
- Imunodepressão (pacientes com câncer, em tratamento para Aids, ou em uso regular de medicação imunossupressora)
- Condições crônicas (hemoglobinopatias, diabetes mellitus; cardiopatias, pneumopatias e doenças renais crônicas)
- Gestação
- Obesidade Mórbida (IMC > 35)
O quanto devemos nos preocupar? Qual é realmente a situação da gripe A no Brasil e no nosso meio?
A situação epidemiológica atual, no Brasil e no mundo, caracteriza-se por uma pandemia com predominância de casos clinicamente leves e com baixa letalidade.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicam semelhança entre a gravidade dos casos de influenza A (H1N1) e de gripe comum ou sazonal no Brasil. A análise epidemiológica realizada até o momento indica que a faixa etária mais acometida tanto pelo vírus H1N1 quanto pelo vírus da influenza sazonal é a de 20 a 49 anos, com mais de 60% dos casos.
Apesar de o vírus da Gripe A ter o comportamento um pouco mais agressivo que o da gripe comum, ele não é considerado tão letal quando parecia. Porém, enquanto um adulto transmite o vírus por uma semana, uma criança pode transmiti-lo por até o dobro do tempo, segundo o médico infectologista do Hospital Emílio Ribas, Dr. David Uip.
Quando devemos usar o medicamento contra a Gripe A (Tamiflu)?
De acordo com o Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza do Ministério da Saúde, baseado em recomendações da Organização Mundial da Saúde, apenas os pacientes com agravamento do estado de saúde nas primeiras 48 horas, desde o início dos sintomas, e as pessoas com maior risco de apresentar quadro clínico grave serão medicadas com o fosfato de oseltamivir (Tamiflu).
Lembrando que o grupo de risco é composto por idosos, crianças menores de dois anos, gestantes, pessoas com diabetes, doença cardíaca, pulmonar ou renal crônica, deficiência imunológica (pacientes com câncer, em tratamento para Aids), pessoas com obesidade mórbida e também com doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como anemia falciforme.
O Tamiflu não deve, EM HIPÓTESE ALGUMA, ser usado para prevenção da gripe pois, já se tem reportado no México casos tolerantes ao medicamento, ou seja, quando o vírus sofre mutação genética e se torna resistente ao medicamento consumido antes do necessário. Os únicos casos em que o uso profilático do Tamiflu está liberado é por profissionais de saúde que tenham entrado em contato com doentes da gripe sem proteção adequada.
O que devemos fazer para evitar a disseminação e contágio da gripe?
- Lavar as mãos sempre (principalmente após tossir, espirar, compartilhar objetos em comum, tais como mouse, teclados de computador, andar de transportes coletivos, shoppings e etc.)
- Evitar levar as mãos aos olhos, bocas e nariz
- Tossir ou espirar com proteção de lenços de papéis descartáveis
- Limpar secreções sempre com lenço de papel descartável
- Limpar frequentemente maçanetas de portas, balcões ou outros locais onde pessoas se aproximem com frequência, como em locais de uso coletivo
- Se apresentar sintomas gripais, evitar contato a menos de 1 metro com pessoas do grupo de risco e permanecer em casa pelo mínimo de 7 dias, usando máscara comum para contato com pessoas em ambientes públicos.
- Crianças com febre devem permanecer em casa pelo mínimo de 7 dias.
No Brasil o disk saúde é 0800-611-997.
Recomendações para a volta às aulas
Em nota oficial divulgada em 27 de julho pelo Ministério da Saúde, o Grupo Executivo Interministerial (GEI), que reúne 16 órgãos do Governo Federal e é responsável pela adoção e recomendação de medidas para conter a disseminação gripe A no Brasil, informou que eventuais alterações do calendário escolar ficam sob avaliação dos governos estaduais e municipais.
Na tentativa de conter a gripe suína, o governo de São Paulo decidiu adiar a volta às aulas em duas semanas nas escolas públicas, recomendando o mesmo para as particulares. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o motivo se deve à espera de temperaturas mais amenas a partir do dia 15 de agosto. Além disso, sabe-se que uma epidemia de gripe dura em média 8 semanas,sendo que no dia 28 de julho estava em vigência há 4 semanas.
O infectologista David Uip (Hospital Emílio Ribas), acredita que adiar as aulas poderá diminuir em até 15% a disseminação da doença. Já o infectologista Esper Kallas (USP) diz que fechar as escolas pode ajudar um pouco, sem grande diferença, uma vez que o vírus já se encontra em circulação e vai ser encontrado em outras aglomerações. A própria OMS concorda que adiar as aulas pode ajudar mais tem efeito limitado.
Ministério da Saúde e Ministério da Educação recomendam que os estudantes brasileiros com sintomas de gripe sigam orientações médicas e NÃO retornem às atividades escolares até estarem completamente restabelecidos.
A orientação tem como objetivo reforçar a prevenção contra a nova gripe, evitando assim que alunos infectados contagiem colegas. Professores e diretores de escolas também devem ficar atentos e orientar estudantes com sintomas a retornar às suas casas. Pais e responsáveis devem levar seus filhos aos postos de saúde ou ao consultório médico de confiança caso percebam os primeiros sinais de uma gripe (febre repentina, tosse, coriza, dores musculares, nas articulações e dor de cabeça).
O que fazer na suspeita de infecção pelo H1N1 em um aluno?
Sempre que um aluno apresentar febre durante a permanência na escola, ele deverá ser afastado do restante das crianças e ser imediatamente avisado aos pais, para que se promova o seguimento adequado com profissional da saúde.
Todo e qualquer sintoma gripal se acompanhado de febre deve ser tratado como gripe e A CRIANÇA DEVE PERMANECER EM CASA POR 7 DIAS. Vale lembrar que o vírus é contagioso desde o dia anterior e até sete dias após o aparecimento dos sintomas.
Afastamento e isolamento domiciliar também devem ser empregados a todos que apresentarem febre maior que 38 ºC associados a outros sintomas gripais.
Uma vez confirmado o caso, o isolamento domiciliar do doente é suficiente. Hospitalização só se faz necessário em casos do grupo de risco ou gravidade acentuada, conforme avaliação médica. NÃO é regra a internação de todos os casos de gripe, nem a realização do teste de gripe em todos os casos.
Vanessa Ap. Aguiare Lopes e Alexandre Ordones Lopes
Médicos especialistas em Pedriatria/Neonatologia